Apresentação

 

Prezados amigos!

 

Um novo sopro de esperança parece rondar o país que busca traduzir as expectativas de  jovens talentos, por meio de seus incansáveis projetos e trabalhos, muitos dos quais se podem verificar aqui.

Assim, uma vez mais e com o orgulho redobrado, buscamos apresentar o resultado do trabalho de pesquisadores de diferentes regiões do Brasil, oferecendo-lhes a oportunidade de divulgar cultura e informação, fruto de suas pesquisas.

Este número está repleto de resultados no campo da literatura como o de Caio Messias que abordará um dos últimos romances do escritor, dramaturgo e psicanalista belga Henry Bauchau, L’enfant bleu, cuja obra aborda diversos aspectos da relação construída entre psicanalista e paciente, refletindo sobre as possibilidades de utilização da psicanálise e da arte como tratamentos alternativos ou complementares da psicose.

Já os pesquisadores Ivânia Aquino e Airton Pott investigam, a partir do romance K.: relato de uma busca, de Bernardo Kucinski, o testemunho de um autor sobre vivências de um passado temeroso que, ao mesmo tempo, serve de alerta para o presente e para o futuro da sociedade. Tema necessário para se compreender o papel da literatura diante de um contexto em que a dor das vítimas se torna, por meio do texto literário, um propagador de memórias.

Fernando da Costa tece, em seu artigo, os aspectos musicais presentes na obra do escritor Machado de Assis, por meio de um recorte que possa dar conta de algumas das principais mudanças ocorridas no Brasil na passagem do século XIX para o XX, período de notáveis transformações na sociedade. Seu estudo tem como foco as transformações musicais ocorridas no Rio de Janeiro em fins do século XIX, tema amplamente discutido por meio de dois contos do autor: “O machete” e “Um homem célebre”.

O pesquisador José Osmar de Melo, por sua vez, busca em seu ensaio demonstrar a consciência com que Lima Barreto lidava com a linguagem, quando empregava o humor e a ironia como elementos fundamentais para desmistificar sua narrativa da realidade, apresentando-a como resultado estético de uma poética do artifício, que valoriza, sobretudo, o processo artístico e metalinguístico de construção do texto literário.

Lúcia Rebello e Alisson Souza, por sua vez, buscam compreender as principais diferenças do gênero de não-ficção em oposição ao conceito de ficção. Além disso, apresentam-se os principais conflitos presentes nesse tipo de gênero literário, assim como seu discurso de aceitação/rejeição no meio acadêmico, a partir da leitura de Gutkind, Todorov e Paul Ricoeur.

Ana Laura Furtado Pacheco nos mostra que a escravidão e a colonização, como eventos históricos, deixaram marcas indeléveis tanto nos povos colonizados quanto nas nações colonizadoras. Assim, busca responder as diversas questões, como a do sentimento de ser apátrida, de não se enxergar como pertencente a nenhuma cultura, partilhado pelas personagens de Lucía Mbomío e Juan Laurel em suas obras The Gurugu Pledge e Hija del camino.

Já no campo da literatura alemã, Jack Brandão pretende refletir sobre a utilização de elementos imagéticos e suas fontes no século XVII e demonstrar que a literatura barroca do período não deve ser entendida como uma poética de experiências pessoais no sentido contemporâneo. Andreas Gryphius, como artista inserido no contexto social do barroco alemão, mergulhou num mar de imagens e temas, fazendo grande uso deles em sua obra poética. Para tanto, utilizou como fonte inspiradora não apenas os auctoritas e os livros de emblemas que circularam na Europa no século XVII, como também a Bíblia, já que o período também estava impregnado de elementos sacros.

Por sua vez, Anderson Roszik pretende elucidar a crítica satírica do alemão Kurt Tucholsky, publicada sob o pseudônimo Kaspar Hauser, a três temas bastante presentes na trama social no ano de 1919, início da República de Weimar: o imperador Guilherme II, a classe média e o militarismo. Para demonstrar como Tucholsky questiona a existência dos símbolos nacionalistas mencionados no passado e no presente, o pesquisador selecionou dois poemas satíricos: Schäferliedchen e Unser Militär.

As pesquisadoras Maria Carolina Carneiro, Daniella Buttler e Cássia Regina dos Santos investigam a criação de materiais pedagógicos que possam contribuir para o desenvolvimento das competências explicitadas na Base Nacional Comum Curricular, bem como auxiliar na recomposição das aprendizagens comprometidas ao longo da trajetória escolar. Esta proposta se insere no contexto da ludicidade, da inserção dos jogos e brincadeiras para a Educação de Jovens e Adultos.

Por fim, temos Marcos Paulo de Araújo Barros, cujo artigo propõe uma análise do filme Bacurau sob a perspectiva do pensamento da escritora Gayatri Spivak, conhecida por sua abordagem a respeito da subalternidade, a qual argumenta que os intelectuais pós-coloniais têm a responsabilidade de combater a subalternidade, que se refere à marginalização e ao silenciamento das vozes das comunidades colonizadas e oprimidas. 

 

Ótima leitura  e saudações acadêmicas!

 

Prof. Dr. Jack Brandão

Editor