Apresentação

 

Prezados amigos!

 

Eis que meio ano já nos foi roubado pelo tempo, porém nossa Lumen et Virtus continua aqui, firme e forte, em seu 15º volume, apesar de tantas vozes contrárias que tanto nos criticaram, dizendo que seríamos mais uma em meio a tantas outras efêmeras... No entanto, foram eles que ficaram para trás...

Dessa maneira, vamos aos textos deste número!

Partindo de um artigo que aborda a questão interdisciplinar, Prof. Jack Brandão discute a questão da interrelação entre os diversos saberes e, de modo especial, do saber científico. Para isso, busca demonstrar como o conhecimento não pode ser estanque, visto que é próprio da sociedade humana o dinamismo, sem o qual ela não teria sobrevivido. Portanto, todo dogmatismo, dentro de qualquer campo epistemológico, é inócuo se não se abre, interdisciplinarmente, a outros campos com os quais deve manter constante diálogo.

O pesquisador Pedro Antonio Gomes de Melo aborda como os sujeitos, por meio da língua, projetam realidades e representações, constroem interações e compartilham experiências sociais e culturais. Assim, o estudo do ato de nomear aglomerados humanos e o seu produto – o signo toponímico - pode desvelar aspectos que estão intrinsecamente ligados à dinâmica de organização territorial, às relações de poder social, econômico, político e ideológico, constituindo-se, portanto, em um acervo linguístico-cultural de um patrimônio não apenas verbal, mas um patrimônio cultural imaterial, que revela a relação entre o ser humano e o processo de territorialidade.

Sebastião Gonçalves Dias, por sua vez, aborda aspectos da narrativa contemporânea em A hora da estrela, de Clarice Lispector, quando tratará de elementos de sua narrativa, a partir de teóricos que discutem a contemporaneidade e a modernidade. A obra permeada de doses de humor ácido, envolve sentimentos entre narrador e personagem, estabelecendo uma relação de intimidade entre ambos, o que coloca o leitor em dualidade sentimental. A busca por uma resposta universal diante das intempéries da vida leva o leitor a procurar respostas para a personagem Macabéa A discussão se estende ao analisar a construção mimética da narrativa e seus aspectos contemporâneos.

A pesquisadora Karen Miranda nos demonstra como os governantes buscaram, no início do século passado, equiparar o Rio de Janeiro às grandes cidades do mundo, apresentando um projeto de reforma urbana baseado em quatro grandes motivos: a higienização do centro urbano, a viabilização da circulação de produtos, a melhora moral da cidade e a reafirmação do sistema republicano. Com isso, reformas foram executadas de modo a não só modernizar a cidade, como também civilizá-la de acordo com os padrões europeus da época, em específico, à moda francesa. Contudo, a cidade abrigava uma população que não era condizente com o modo estilo de vida que se tentava instaurar que se mostrava diferente daquilo que se apresentava na Europa.

Já as pesquisadoras Alessandra Gomes Fernandes e Bruna Rocha Oliveira buscam analisar as representações da morte em dois episódios da série Black Mirror com outras imagens historicamente construídas dentro da cultura ocidental, na qual estamos imersos. Foram escolhidos os episódios Be Right Back (2011) e San Junipero (2016) devido tanto às aproximações quanto às diferenças percebidas na forma como as personagens lidam com a ideia da morte, a precariedade da vida, a perda de entes queridos e a consequente fuga que vivenciam, através dos recursos dos meios tecnológicos, para construir uma realidade em que tanto a própria morte quanto a do ser amado possam ser evitadas, em razão do sofrimento e do luto que trazem.

Amanda Fievet Marques busca distinguir alguns aspectos estéticos, estilísticos e tradutórios do manuscrito redescoberto Guerre de Louis-Ferdinand Céline, publicado pela Gallimard em 2022. O manuscrito permite uma compreensão mais ampla da constituição da obra e do estilo de Céline, de modo especial do ponto de vista dos aspectos estéticos, a partir dos quais será feita análise considerando o desenvolvimento da narrativa.

 

Ótima leitura  e saudações acadêmicas!

 

Prof. Dr. Jack Brandão

Editor