Apresentação

 

Olá, amigos!

Se a imprensa foi, em 1455, a propulsora do saber que se fazia discreto e recluso nas individualidades sapientes do século XV, e se o saber, que era luz e virtudes, veio à tona paradoxalmente no obscuro gabinete metafísico-mecânico de Gutenberg; neste amargo século XXI, contudo, a contrapartida especular do gravador e gráfico de Mainz (Mogúncia) reside na herdeira dos livros ancestrais: a moderna revista acadêmica de cultura. E se as revistas contrapõem-se aos livros harmônica e freneticamente porque várias, como são vários os livros, mas também presentes, como presentes são os livros, só nos resta considerar como antinomia a variada presença de autores em um mesmo exemplar, para considerar que ambos os artefatos são fruto da ânsia humana de conhecimento, portanto o veículo é próprio, como próprios os desejos de/do saber!

E assim a revista Lumen et Virtus confirma pela presença de seus artigos variados uma de suas vocações mais importantes que é a disseminação cultural distinguível pela zelosa seleção de artigos que apresenta aos seus leitores.

Neste nosso nono número, apresentamos interessante visão do simbolismo da viagem no livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, na mescla de travessia iniciática e aventura, pela análise da Profª Drª Maria Auxiliadora Fontana Baseio. Temos ainda a questão da Nostalgia do Paraíso que inspirou escritores e poetas e que será abordado pela Profª Drª Nery Reiner.

Não é sem impacto a reflexão sobre a relação entre leitor e autor, história, ficção e grotesco percorrendo as páginas do romance O último suspiro do Mouro, de Salman Rushdie, composição da Profª Dra Muna Omran.

A tradução, irmã da boa leitura, se faz presente na reflexão do Prof. Dr. José Reynaldo Pagura juntamente com a Profª Paula Cremasco de Azevedo que analisam os marcadores culturais presentes na obra Harry Potter and the philosopher’s Stone (obra original Britânica) comparando-a com a versão americana da mesma obra.

Ainda no domínio da tradução, é possível identificar e discutir a variação conceptual que cada cultura apresenta pelo levantamento dos sub conjuntos do processo de cognição, ou conceptualização, é o que nos apresenta a Profª Gisele Marion ao descrever a função do arquiconceptus, com o propósito de identificar e compreender as diferentes visões de mundo.

A discussão entre os aspectos que marcam o estabelecimento e a dissolução das fronteiras entre arte culta e arte popular focalizando o teatro e a fotografia é levantada pela Prof. Dr. Marcos Fabris.

Ainda cinema e literatura estão no top da análise de uma escrita andrógina que acontece na novela O beijo da mulher aranha, de Manuel Puig, e que o Prof. Álvaro Lema Mosca, discorre com lucidez em close-ups.

Em música e palavras estão evocadas as representações femininas na construção da imagem da mulher em dois compositores do cancioneiro brasileiro Noel Rosa e Chico Buarque de Holanda. Contexto de criação, imaginário coletivo e papel social desempenhado pela mulher, são evocados pela Profa. Angélica Moriconi em estudo perpassado pela crítica de Dominique Maingueneau e Van Dijk.

Este é o nono volume de Lumen et Virtus, espero que todos tenham uma boa leitura!

 

Profª Drª Cláudia Balduíno Ferreira 

Conselho Editorial